O avião pousou. Vida nova, pés no chão. Recomeçar: esta é a palavra chave. Tinha que sair daquele lugar, não dava mais pra mim. Não estou fugindo, estou procurando. Procurando algo melhor, uma vida melhor.
Desembarquei e pensei: -- “E agora, o que faço?”. Meu plano parava por aí. Não tenho para onde ir, não conheço esta cidade. O que vim fazer aqui?
Decidi ficar no terminal, pelo menos por enquanto. De repente, senti uma fome absurda. Procurei incansavelmente e não achei restaurante algum. Que raio de aeroporto é esse que não oferece comida aos passageiros? Desapontado, sentei em um das cadeiras disponíveis no saguão. O aeroporto estava surpreendentemente vazio... Imaginei que o fluxo de pessoas fosse muito maior, mas vejo no máximo uma meia dúzia de pessoas.
-- Procurando alguma coisa? – Perguntou uma moça que se sentou ao meu lado. Na hora não sabia o que dizer; sua beleza era estonteante. Era alta, tinha um lindo cabelo castanho, com uma franja perfeitamente alinhada, além de uns olhos verdes, que eram no mínimo penetrantes.
-- Estou com fome – Respondi, meio nervosamente. Não estou acostumado a conversar com alguém de tamanha beleza.
-- Sim, mas o que você está procurando? – Perguntou novamente. Além de linda, deve ser louca. Confesso que me assustei um pouco. Será que minha angústia é tão evidente assim?
-- Não sei. Boa pergunta. Acho que por enquanto não vou a lugar nenhum.
-- Se você não procurar, não vai achar.
--Achar o quê? – Será que ela é realmente louca? Nunca entendi porque as mais bonitas sempre são as mais estranhas.
-- O que for que você esteja procurando – Insistiu – Ninguém acha nada sentado em uma cadeira.
-- Verdade. Estou pensando.
-- Pensado no quê?
-- No que fazer agora. – Respondi
-- Então faça.
-- Faça o quê? -- Sua insistência me irrita, mas por alguma razão não consigo parar de conversar com ela. Não sei se é pela beleza ou pela solidão, mas não quero me levantar desta cadeira.
-- O que deve fazer – disse.
-- Obrigado... – Respondi meio que sem jeito – E você vai fazer o quê? – Decidi perguntar pra ver se descobria algo sobre ela.
-- Não sei. Vamos?
-- Pra onde? Não há lugar algum pra ir.
-- Não interessa. Vamos logo.
Nunca conheci uma pessoa tão insistente, mas decidi ir.
-- Ta bom então, vamos.
Com ela, quem sabe eu não precise procurar mais.
Gostei. Quero mais. bjs
ReplyDeleteEla existiu mesmo ou é fictícia tipo a mulher invisível do Selton Mello!? ehehe, po mlk.. continua mesmo que me amarro nos seus writings... um abraço beto
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